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Temp E Temperatura - [https://moonlightmining.com/index.php?action=profile&u=355029 https://moonlightmining.com/index.php?action=profile&u=355029]. <br>E é por aí que se vê que esses diversos tipos de tempo convergem e divergem. Essas sequências, que nos dão as mudanças que fazem história, criam as periodizações, isto é, as diferenças de significação. Convergem na experiência humana e divergem na análise. Nesse momento, eu gostaria de me referir a um filósofo latino-americano, Sérgio Bagú, que distingue entre o tempo como seqüência - o transcurso – o tempo como raio de operações – o espaço – e o tempo como rapidez de mudanças, como riqueza de operações. O tempo individual, tempo vivido, sonhado, vendido e comprado, tempo simbólico, mítico, tempo das sensações, mas com significação limitada, não é suscetível de avaliação se não referido a esse tempo histórico, tempo sucessão, tempo social, o ontem, o hoje, o amanhã. Do tempo matemático, tempo cósmico, tempo do relógio, ao tempo histórico, vai toda uma evolução que é assinalável ao longo da História. O relógio que é descoberto num determinado momento da História, é redescoberto neste século com o taylorismo e depois com o fordismo; um tempo que é medida do relógio, se não o enchermos dessa substância social.<br><br>A araucária é um dos símbolos mais conhecidos do Paraná. O clima peculiar favorece o cultivo por lá, o que tornou a região uma das maiores produtoras do país, respondendo por 14% da produção brasileira.E os efeitos do clima não se restringem à produção da erva-mate, que é feita em consórcio com outras espécies florestais nativas da região. Assim, a interação entre clima, plantas do consórcio e erva-mate é muito importante para a qualidade do produto cultivado no local.A erva-mate de São Matheus é diferenciada pelo sabor suave e especialmente pelo sistema de produção na floresta de araucária. Mas ao lado dela, na bandeira do estado, está representada outra planta muito importante para os paranaenses: a erva-mate. Essas características especiais resultam em um sabor leve, que agrada o consumidor brasileiro e o de outros países, como o Uruguai, onde a infusão feita com essa planta também é um sucesso.Só podem usar o selo da Indicação de Procedência São Matheus os produtos elaborados a partir de partes vegetais de erva-mate (Ilex paraguariensis St Hill.) 100% procedentes da região delimitada para [https://search.un.org/results.php?query=essa%20indica%C3%A7%C3%A3o essa indicação].<br><br>Enquanto vigoravam as políticas de remoção, era a (i)legalidade urbanística que possibilitava o desenvolvimento de outras ilegalidades, tais como as redes de contravenção sobre as quais a territorialização do tráfico iria reestruturar (Misse, 2006). Hoje, as condições para a visibilidade e relevância política inéditas da favela residem em sua constituição, no nível dos discursos e das práticas, como uma ameaça à cidade. Essa imagem, paradoxalmente, traduz-se em melhorias e investimentos no espaço físico da favela que, por sua vez, se revestem de sentidos e valores particulares para os atores assim beneficiados. Desde esta perspectiva, a história da mudança de paradigma das políticas governamentais calcadas na remoção para programas que visam à "integração" da favela à cidade dita "formal" pode ser lida como a história da passagem do "barraco" de estuque para a "casa" de alvenaria. É a partir desse campo problemático que o presente artigo pretende explorar o fenômeno histórico da consolidação de favelas no Rio de Janeiro contemporâneo.<br><br>Esse contexto é aqui explorado a partir de uma concepção da casa como fato social total: a passagem do barraco de estuque à casa de alvenaria (convertida cada vez mais em "fortaleza") torna legível a maneira pela qual o espaço da favela, e sobretudo da casa, constitui-se como processo, projeto de futuro e instância produtora de valores - tanto monetários como subjetivos. Palavras-chave: Favelas; Espaço urbano; Moradia; Valor; Etnografia. The article consists of an ethnographic analysis of the favela consolidation in contemporary Rio de Janeiro, understood here as a result of the juxtaposition of two seemingly contradictory socio-historical processes: (1) the replacement of favela removal programs by urbanization programs and projects, giving rise to a recent construction boom in the favelas and to an unprecedented commoditization of their space; (2) the appropriation of the space of the favelas by the drug trade, which (re)produces and reinforces the physical, social, and symbolic boundaries between the favela and the so-called "asphalt." This context is explored through a conception of the house as a total social fact: the transition from the stucco shack to the masonry house (increasingly converted into a "fortress") renders the space of the favela and particularly of the house as process, future project, and a source of value, both economic and subjective.<br>
<br>Isso quer dizer que, paralelamente a um tempo que é sucessão, temos um tempo dentro [http://Www.Ss-Hospital.Go.th/forum_qanurse/index.php?action=profile&u=45315 do tempo], um tempo contido no tempo, um tempo que é comandado, sim, pelo espaço. O espaço permite que pessoas, instituições e firmas com temporalidades diversas, funcionem na mesma cidade, não de modo harmonioso, mas de modo harmônico. Não fosse assim, a cidade não permitiria, como São Paulo permite, a convivência de pessoas pobres com pessoas ricas, de firmas poderosas e firmas fracas, de instituições dominantes e de instituições dominadas. Também atribui a cada indivíduo, a cada classe social, a cada firma, a cada tipo de firma, a cada instituição, a cada tipo de instituição, formas particulares de comando e de uso do tempo, formas particulares de comando e de uso do espaço. Certo que Kant escreveu também que o espaço aparece como uma estrutura de coordenação desses tempos diversos. O espaço impede que o tempo se dissolva e o qualifica de maneira extremamente diversa para cada ator. Nesse momento em que o tempo aparece como havendo dissolvido o espaço, e algumas pessoas o descreveram assim, a realidade é exatamente oposta.<br> <br>A frase tem efeito teleológico, que produz os moradores como sujeitos de sua própria história, e é constitutiva de uma ética que valoriza o trabalho duro e a perseverança: nada vem facilmente. A glorificação (muitas vezes nostálgica) dos sujeitos da "luta", da "luta" em si e das relações sociais e comunitárias por estas engendradas convertem-se em evidência de força moral em diálogos intergeracionais. Perdi a conta de quantas vezes testemunhei situações em que pais repreendiam seus filhos por ter a vida "fácil". Como disse uma de minhas informantes sobre seus filhos de oito e dez anos: "Não dão valor a nada! Abrem a torneira e sai água! Destrocei minhas costas carregando lata d'água! Água em casa e eles ainda reclamam!". Mas apesar das lutas cotidianas, pequenas vitórias sucedem-se, melhorias são implementadas e o futuro será melhor do que o passado. Nesses testemunhos podemos discernir uma narrativa subjacente que, na maioria das vezes, elabora a percepção de - progressivas, porém inegáveis - melhorias [https://http//www.nabery.ru/redirect.php?url=http://derechoycienciapolitica.cl/index.php/safer/comment/view/771/0/158169 materiais] do lugar.<br><br>O tempo é uma grandeza física presente não apenas no cotidiano como também em todas as áreas e cadeiras científicas. Contudo isto não significa que a ciência detenha a definição absoluta de tempo: ver-se-á que tempo, em ciência, é algo bem relativo, não só em um contexto cronológico - afinal, as teorias científicas evoluem - como em um contexto interno ao próprio paradigma científico válido atualmente. Em física, tempo é a grandeza física diretamente associada ao correto sequenciamento, mediante ordem de ocorrência, dos eventos naturais; estabelecido segundo coincidências simultaneamente espaciais e temporais entre tais eventos e as indicações de um ou mais relógios adequadamente posicionados, sincronizados e atrelados de forma adequada à origem e aos eixos coordenados do referencial para o qual define-se o tempo. Uma definição do mesmo em âmbito científico é por tal não apenas essencial como também, em verdade, um requisito fundamental. Definido desta forma, o tempo parece algo simples, mas várias considerações e implicações certamente não triviais decorrem desta, mostrando mais uma vez que este companheiro inseparável de nosso dia a dia é mais misterioso e sutil do que se possa imaginar.<br><br>Bourdieu (1979) responde com uma leitura estruturalista da casa Berber, teorizada como o meio privilegiado para a incorporação das disposições sociais que produzem e são produzidas pelo habitus. A gentrificação e a suburbanização constituem campos estabelecidos de pesquisa acadêmica, sobretudo no campo da sociologia (particularmente na vertente norte-americana). Mercados imobiliários e condições habitacionais fornecem mapas concretos da desigualdade e da segregação nas grandes cidades. Mais tarde, elaborou o próprio mercado imobiliário como lugar para se pensar a construção social do valor (Bourdieu, 2001). E esses são apenas alguns exemplos clássicos de como a antropologia já buscou na casa uma chave de interpretação e apreensão das regras e dos valores sociais de diversas sociedades. No entanto, essas abordagens tendem a se aplicar a sociedades ditas primitivas - ou então distantes no tempo, como a literatura sobre as cidades medievais. Será que a moradia perde seu potencial interpretativo em sociedades complexas, capitalistas? Certamente não; as condições habitacionais constituem uma importante fonte de conhecimento sobre a sociedade, sobretudo conhecimento estatístico, na forma de estatísticas.<br><br>A economia pobre trabalha nas áreas onde as velocidades são lentas. A partir do momento em que eu crio objetos, os deposito num lugar e eles passam a se conformar a esse lugar, a dar, digamos assim, a cara do lugar, esses objetos impõem à sociedade ritmos, formas temporais do seu uso, das quais os homens não podem se furtar e que terminam, de alguma maneira, por dominá-los. Do aeroporto ao centro da cidade vai-se muito depressa, criam-se condições materiais para que o tempo gasto na viagem seja curto. Os objetos nos comandam de alguma maneira, mas esse comando dos objetos sobre o tempo consagra, no meu modo de ver, essa união entre o espaço e o tempo, tal como nós geógrafos o vemos, mas, evidentemente não o espaço e o tempo dos filósofos tout court. Aqui, a materialidade impõe um tempo lento. Não naquele sentido a que Maffesoli se reportou, quando disse que os objetos deixaram de ser obedientes e passaram a nos comandar. Quem necessita de velocidades rápidas é a economia hegemônica, são as firmas hegemônicas. É para esta classe que tem significação uma avenida como a dos Bandeirantes, ou estradas como a dos Bandeirantes e a Anhanguera, que são estradas que sobretudo interessam aos agentes hegemônicos e às pessoas ricas que usam melhor, do seu ponto de vista, essas estradas. Isso quer dizer que os pobres vivem dentro da cidade sob tempos lentos. São temporalidades concomitantes e convergentes que têm como base o fato de que os objetos também têm uma temporalidade, os objetos também impõem um tempo aos homens. Era o que eu tinha a dizer, pedindo ajuda e sugestões para o projeto de pesquisa. Já entre os bairros vai-se mais devagar, no sentido de que não há uma materialidade que favoreça o tempo rápido.<br>

Revision as of 15:15, 2 November 2021


Isso quer dizer que, paralelamente a um tempo que é sucessão, temos um tempo dentro do tempo, um tempo contido no tempo, um tempo que é comandado, aí sim, pelo espaço. O espaço permite que pessoas, instituições e firmas com temporalidades diversas, funcionem na mesma cidade, não de modo harmonioso, mas de modo harmônico. Não fosse assim, a cidade não permitiria, como São Paulo permite, a convivência de pessoas pobres com pessoas ricas, de firmas poderosas e firmas fracas, de instituições dominantes e de instituições dominadas. Também atribui a cada indivíduo, a cada classe social, a cada firma, a cada tipo de firma, a cada instituição, a cada tipo de instituição, formas particulares de comando e de uso do tempo, formas particulares de comando e de uso do espaço. Certo que Kant escreveu também que o espaço aparece como uma estrutura de coordenação desses tempos diversos. O espaço impede que o tempo se dissolva e o qualifica de maneira extremamente diversa para cada ator. Nesse momento em que o tempo aparece como havendo dissolvido o espaço, e algumas pessoas o descreveram assim, a realidade é exatamente oposta.

A frase tem efeito teleológico, que produz os moradores como sujeitos de sua própria história, e é constitutiva de uma ética que valoriza o trabalho duro e a perseverança: nada vem facilmente. A glorificação (muitas vezes nostálgica) dos sujeitos da "luta", da "luta" em si e das relações sociais e comunitárias por estas engendradas convertem-se em evidência de força moral em diálogos intergeracionais. Perdi a conta de quantas vezes testemunhei situações em que pais repreendiam seus filhos por ter a vida "fácil". Como disse uma de minhas informantes sobre seus filhos de oito e dez anos: "Não dão valor a nada! Abrem a torneira e sai água! Destrocei minhas costas carregando lata d'água! Água em casa e eles ainda reclamam!". Mas apesar das lutas cotidianas, pequenas vitórias sucedem-se, melhorias são implementadas e o futuro será melhor do que o passado. Nesses testemunhos podemos discernir uma narrativa subjacente que, na maioria das vezes, elabora a percepção de - progressivas, porém inegáveis - melhorias materiais do lugar.

O tempo é uma grandeza física presente não apenas no cotidiano como também em todas as áreas e cadeiras científicas. Contudo isto não significa que a ciência detenha a definição absoluta de tempo: ver-se-á que tempo, em ciência, é algo bem relativo, não só em um contexto cronológico - afinal, as teorias científicas evoluem - como em um contexto interno ao próprio paradigma científico válido atualmente. Em física, tempo é a grandeza física diretamente associada ao correto sequenciamento, mediante ordem de ocorrência, dos eventos naturais; estabelecido segundo coincidências simultaneamente espaciais e temporais entre tais eventos e as indicações de um ou mais relógios adequadamente posicionados, sincronizados e atrelados de forma adequada à origem e aos eixos coordenados do referencial para o qual define-se o tempo. Uma definição do mesmo em âmbito científico é por tal não apenas essencial como também, em verdade, um requisito fundamental. Definido desta forma, o tempo parece algo simples, mas várias considerações e implicações certamente não triviais decorrem desta, mostrando mais uma vez que este companheiro inseparável de nosso dia a dia é mais misterioso e sutil do que se possa imaginar.

Bourdieu (1979) responde com uma leitura estruturalista da casa Berber, teorizada como o meio privilegiado para a incorporação das disposições sociais que produzem e são produzidas pelo habitus. A gentrificação e a suburbanização constituem campos estabelecidos de pesquisa acadêmica, sobretudo no campo da sociologia (particularmente na vertente norte-americana). Mercados imobiliários e condições habitacionais fornecem mapas concretos da desigualdade e da segregação nas grandes cidades. Mais tarde, elaborou o próprio mercado imobiliário como lugar para se pensar a construção social do valor (Bourdieu, 2001). E esses são apenas alguns exemplos clássicos de como a antropologia já buscou na casa uma chave de interpretação e apreensão das regras e dos valores sociais de diversas sociedades. No entanto, essas abordagens tendem a se aplicar a sociedades ditas primitivas - ou então distantes no tempo, como a literatura sobre as cidades medievais. Será que a moradia perde seu potencial interpretativo em sociedades complexas, capitalistas? Certamente não; as condições habitacionais constituem uma importante fonte de conhecimento sobre a sociedade, sobretudo conhecimento estatístico, na forma de estatísticas.

A economia pobre trabalha nas áreas onde as velocidades são lentas. A partir do momento em que eu crio objetos, os deposito num lugar e eles passam a se conformar a esse lugar, a dar, digamos assim, a cara do lugar, esses objetos impõem à sociedade ritmos, formas temporais do seu uso, das quais os homens não podem se furtar e que terminam, de alguma maneira, por dominá-los. Do aeroporto ao centro da cidade vai-se muito depressa, criam-se condições materiais para que o tempo gasto na viagem seja curto. Os objetos nos comandam de alguma maneira, mas esse comando dos objetos sobre o tempo consagra, no meu modo de ver, essa união entre o espaço e o tempo, tal como nós geógrafos o vemos, mas, evidentemente não o espaço e o tempo dos filósofos tout court. Aqui, a materialidade impõe um tempo lento. Não naquele sentido a que Maffesoli se reportou, quando disse que os objetos deixaram de ser obedientes e passaram a nos comandar. Quem necessita de velocidades rápidas é a economia hegemônica, são as firmas hegemônicas. É para esta classe que tem significação uma avenida como a dos Bandeirantes, ou estradas como a dos Bandeirantes e a Anhanguera, que são estradas que sobretudo interessam aos agentes hegemônicos e às pessoas ricas que usam melhor, do seu ponto de vista, essas estradas. Isso quer dizer que os pobres vivem dentro da cidade sob tempos lentos. São temporalidades concomitantes e convergentes que têm como base o fato de que os objetos também têm uma temporalidade, os objetos também impõem um tempo aos homens. Era o que eu tinha a dizer, pedindo ajuda e sugestões para o projeto de pesquisa. Já entre os bairros vai-se mais devagar, no sentido de que não há uma materialidade que favoreça o tempo rápido.